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Mostrando postagens de abril, 2010

"O Estado de Minas": Mineração sufoca e depreda patrimônio natural e histórico de MG

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Exploração de minério modifica topografia do estado, depredando montanhas importantes como a da Moeda e da Piedade. Encardidas, cidades afetadas convivem com inchaço e pobreza Por Zulmira Furbino Fonte: Estado de Minas, 25/04/2010 Se por um momento os 12 profetas de Aleijadinho, postados há mais dois séculos no adro da Basílica Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, no fim da Serra da Moeda, ganhassem vida e pudessem fazer um pedido, não seria improvável que quisessem ter os seus olhos vendados. As estátuas, parte de um conjunto histórico formado pela igreja e por 12 capelas que reconstituem os passos da Paixão de Cristo na cidade, reconhecido pela Unesco como patrimônio cultural da humanidade, são testemunhas passivas da devastação do meio ambiente e do inchaço descontrolado de um município embaçados pelas nuvens de pó vermelho provenientes da exploração de minério de ferro. Mas eles não estão sozinhos. Se também ganhassem vida, as serras mineiras mostrariam um semblante tão ou mais a

O SISTEMA MUNDO E MINAS GERAIS

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"Atualmente, vivemos em um sistema-mundo – a economia-mundo capitalista. “Capitalismo e economia-mundo (isto é, uma divisão do trabalho com múltiplas culturas e unidades políticas) são os dois lados de uma mesma moeda. Um não é causa do outro. Estamos meramente definindo diferentes aspectos do mesmo e indivisível fenômeno.” (BRAUDEL, 1998, p. 76). Existe uma grande dificuldade para conseguir entender o que acontece em nossas vidas, especialmente quando essa tentativa de interpretação acontece no calor dos acontecimentos. Só depois de passados os eventos que conseguimos entender o que aconteceu conosco naquele período. Assim é também com a interpretação dos processos macro sociais. É só após um período de reflexão e maturamento é que conseguimos elucidar melhor tais processos. Dessa forma, o que farei aqui é uma tentativa de compreensão dos rumos a serem tomados pela economia mundial e de sua relação com Minas Gerais. Tentativa que não passa de especulação e sugere muito mais uma a

A mídia não comenta, mas Cuba realiza eleições neste domingo (02/05/10)

Para algumas pessoas no mundo deve ter soado um pouco estranho o anúncio do Conselho de Estado da República de Cuba de que no domingo 25 de Abril se efetuarão as eleições para delegados às 169 Assembleias Municipais do Poder Popular. Por Juan Marrero, em Cuba Debate Isso é perfeitamente compreensível, pois um dos componentes principais da guerra mediática contra a revolução cubana tem sido negar, escamotear ou silenciar a realização de eleições democráticas: as parciais, a cada dois anos e meio, para eleger delegados do conselho, e as gerais, a cada cinco, para eleger os deputados nacionais e integrantes das assembleias provinciais. Cuba entra no seu décimo terceiro processo eleitoral desde 1976 com a participação entusiasta e responsável de todos os cidadãos com mais de 16 anos de idade. Nesta ocasião, são eleições parciais. Com a tergiversação, a desinformação e a exclusão das eleições em Cuba da agenda informativa de cada um, os donos dos grandes meios de comunicação tentaram afianç

PRECE DE MINEIRO NO RIO

Carlos Drummond de Andrade Espírito de Minas, me visita, e sobre a confusão desta cidade, onde voz e buzina se confundem, lança teu claro raio ordenador. Conserva em mim ao menos a metade do que fui de nascença e a vida esgarça: não quero ser um móvel num imóvel, quero firme e discreto o meu amor, meu gesto seja sempre natural, mesmo brusco ou pesado, e só me punja a saudade da pátria imaginária. Essa mesma, não muito. Balançando entre o real e o irreal, quero viver como é de tua essência e nos segredas, capaz de dedicar-me em corpo e alma, sem apego servil ainda o mais brando. Por vezes, emudeces. Não te sinto a soprar da azulada serrania onde galopam sombras e memórias de gente que, de humilde, era orgulhosa e fazia da crosta mineral um solo humano em seu despojamento. Outras vezes te invocam, mas negando-te, como se colhe e se espezinha a rosa. os que zombam de ti não te conhecem a força com que, esquivo, te retrais e mais límpido quedas, como ausente, quanto mais te penetra a reali

A ILUSÃO DO MIGRANTE

Carlos Drummond de Andrade Quando vim da minha terra, se é que vim da minha terra (não estou morto por lá?), a correnteza do rio me susurrou vagamente que eu havia de quedar lá donde me despedia. Os morros, empalidecidos no entrecerrar-se da tarde, pareciam me dizer que não se pode voltar, porque tudo é conseqüência de um certo nascer ali. Quando vim, se é que vim de algum para outro lugar, o mundo girava, alheio à minha baça pessoa, e no seu giro entrevi que não se vai nem se volta de sítio algum a nenhum. Que carregamos as coisas, moldura da nossa vida, rígida cerca de arame, na mais anônima célula, e um chão, um riso, uma voz ressoam incessantemente em nossas fundas paredes. Novas coisas, sucedendo-se, iludem a nossa fome de primitivo alimento. As descobertas são máscaras do mais obscuro real, essa ferida alastrada na pele de nossas almas. Quando vim da minha terra, não vim, perdi-me no espaço, na ilusão de ter saído. Ai de mim, nunca saí. Lá estou eu, enterrado por baixo de falas m

CONFIDÊNCIA DO ITABIRANO

Carlos Drummond de Andrade Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói!

VIVA TIRADENTES: MAS QUAL?

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"a terra parece que evapora tumultos; a água exala motins; o ouro toca desaforos; destilam liberdades os ares; vomitam insolências as nuvens; influem desordens os astros; o clima é tumba da paz e berço da rebelião" Muito já foi dito e escrito sobre Tiradentes. Não se sabe bem ao certo quem foi este ícone da Revolução Mineira e qual foi seu papel exato neste evento. Tanto a esquerda como a direita já proclamaram como suas as idéias e o personagem histórico de Tiradentes. Por isso não entrarei aqui na melindrosa discussão de quem foi ou o que ele queria. Lidarei não com fatos históricos, mas com idéias. São várias as representações que se fazem destes mitos históricos, como Che Guevara, Emiliano Zapata, etc. Mas aquelas representações que ficam marcadas na memória do povo são, geralmente, aquelas ligadas a resistência e insubordinação. Dessa forma, o povo pode ao menos de maneira ideal mostrar o quão insatisfeitos estão. Sendo assim, trago à tona a idéia do Tiradentes revoltoso

A DIMENSÃO MORAL NA SOCIOLOGIA

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Começo este texto com perguntas diretas que faço frequentemente a mim mesmo: qual é o papel da sociologia? E quais são as especificidades desta “profissão” frente as outras? Para responder a estas questões traço primeiramente o perfil estereotipado do sociólogo. Geralmente quando alguém de fora da profissão pensa no que é um sociólogo vem a imagem de um sujeito de barba e óculos, carrancudo, de inclinação política socialista, que gosta de confusão e que se expressa de uma forma que ninguém entende. Realmente existe uma base para tal idéia do que é um sociólogo. Pela sociologia ter se envolvido ao longo da história com inúmeras atividades políticas vem à idéia um profissional afeito ao pensamento de esquerda. A barba é um ícone desta posição política e o carrancudo provavelmente pela necessidade definitiva de interrogar as pessoas sobre os caminhos tomados pela sociedade o torna de certa forma um chato na visão da maioria. Mas destas características aquela que mais me irrita - não por s

EM DEFESA DO TRECHO RIO ACIMA/ITABIRITO DA ESTRADA REAL,

Giuseppe Gabriel Persichini Moll A comunidade ambientalista e histórico-cultural de Minas Gerais alerta para a ameaça de asfaltamento do único trecho intacto da Estrada Real, na rodovia MG-030, entre Rio Acima e Itabirito. Indo de Belo Horizonte a Nova Lima, passando por Rio Acima e por Itabirito – um caminho com mais de 200 anos, ligando Minas Gerais ao Rio de Janeiro e que serviu de norte para bandeirantes, faiscadores, mineradores e para a Tropa Real – a Estrada Real corre o sério risco de perder seus últimos vestígios. A denúncia é dos ambientalistas da Associação Ecológica de Moradores do Entorno da rodovia MG-30. Para reverter este equivocado asfaltamento, os defensores do meio ambiente e da história e da cultura do Brasil colonial fizeram um anteprojeto propondo que a estrada seja calçada com pedra pé-de-moleque ou pedra de mão, apoiados no argumento de que esta medida dará maior autenticidade ao local e possibilitará permeabilidade e condições propícias a plantas,

CUBA, DEMOCRACIA E SOCIALISMO

Guillermo Almeyra (*) De um lado, está a cínica e mentirosa campanha desenfreada da CNN e de todos os meios e governos de direita contra o sistema político cubano. É evidente o laço que existe entre o Departamento de Estado e a manifestação em Miami, dirigida pela cantora Gloria Estefan, filha de um ministro do ditador Batista, que contou com a participação do terrorista e multi-assassino Posada Carriles em apoio às chamadas Damas de Branco e ao grevista de fome Guillermo Farinas, que, como estas, pede a intervenção da ONU, da OEA e dos Estados Unidos, não só em Cuba, mas também na Venezuela, para respaldar a oposição pró-imperialista. Os que mantêm o centro de tortura em Guantánamo se arrogam, agora, em defensores dos direitos humanos. A guerra não declarada contra Cuba desde 1959 – que passou pela provocação, com incêndios, a semeadura de enfermidades, a intenção de invasão, a cobertura de grupos de bandidos mercenários, o bloqueio, a ameaça de guerra atômica – entra agora em outra f