OLHEM BEM AS MONTANHAS
Carlos Drummond de Andrade
Olhai as montanhas,
Olhai as montanhas, mineiros,
Como a Serra do Curral, mutilada,
Vós que não as defendeis, olhai-as enquanto vivem pois,
A golpes de tratores vão sendo assassinadas,
Pela culpa única de suas entranhas de ferro.
Mineiros, por que não percebeis que essa ferrugem que vos empoeira os olhos,
Essa terra, vermelha, é o vosso sangue,
Injustamente derramado, na luta que vos abate.
Olhai as montanhas, mineiros,
Como o Itabirito solitário,
Vós que as desprezais, olhai-as enquanto vivem, pois,
A patadas de caminhões vão sendo massacradas,
Pelo crime hediondo de te recortarem o céu,
Mineiros, fechai os vossos olhos e tentai sentir pela última vez,
Esse imenso abraço verde que vos envolve.
Abraço de amor, abraço feito de terra,
Chorai a imponência que vos formou o caráter.
Olhai as montanhas, mineiros,
Como o Itacolomi dos inconfidentes,
Vós que vos omitis, olhai-as enquanto vivem pois,
Em centenas de vagões, como urnas funerárias,
Vão sendo levados seus pedaços, inermes.
Olhai as montanhas, mineiros,
Como a Serra do Curral, mutilada,
Vós que não as defendeis, olhai-as enquanto vivem pois,
A golpes de tratores vão sendo assassinadas,
Pela culpa única de suas entranhas de ferro.
Mineiros, por que não percebeis que essa ferrugem que vos empoeira os olhos,
Essa terra, vermelha, é o vosso sangue,
Injustamente derramado, na luta que vos abate.
Olhai as montanhas, mineiros,
Como o Itabirito solitário,
Vós que as desprezais, olhai-as enquanto vivem, pois,
A patadas de caminhões vão sendo massacradas,
Pelo crime hediondo de te recortarem o céu,
Mineiros, fechai os vossos olhos e tentai sentir pela última vez,
Esse imenso abraço verde que vos envolve.
Abraço de amor, abraço feito de terra,
Chorai a imponência que vos formou o caráter.
Olhai as montanhas, mineiros,
Como o Itacolomi dos inconfidentes,
Vós que vos omitis, olhai-as enquanto vivem pois,
Em centenas de vagões, como urnas funerárias,
Vão sendo levados seus pedaços, inermes.
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