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Mostrando postagens de março, 2011

O RESTAURANTE POPULAR DO MARACANÃ

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O termo desenvolvimento é, nos tempos atuais, uma das palavras mais usadas. Tornou-se um desses conceitos guarda-chuva que abrigam inúmeros significados. Vem sendo usado tanto pela direita quanto pela esquerda, pode ser um empreendimento industrial ou algum projeto social, pode ser usado tanto por um tecnocrata do FMI quanto por ambientalistas do Greenpeace. Dessa forma, é utilizado nos mais díspares contextos pelos mais afastados atores sociais. Assim é o que acontece com imensas obras- como hidrelétricas, minas, usinas, plantações- que afetam tantas pessoas em nome de um suposto desenvolvimento. É um desses casos que quero relatar aqui. Desde o começo de 2010, quando cheguei à cidade maravilhosa, frequento o Restaurante Popular do Maracanã. Este restaurante, popularmente chamado de “Restaurante do Garotinho”- na última eleição, o sujeitinho instalou inúmeros outdoors em frente ao restaurante- por ter sido inaugurado durante a gestão do menininho, está localizado dentro do estádio d

CORAÇÃO NUMEROSO

Carlos Drummond de Andrade Foi no Rio Eu passeava na Avenida quase meia noite. Havia a promessa do mar e bondes tilintavam, abafando o calor que soprava com o vento e o vento vinha de Minas. Meus paralíticos sonhos desgosto de viver (a vida para mim é vontade de morrer) faziam de mim homem-realejo impertubavelmente na Galeria Cruzeiro quente quente e como não conhecia ninguém a não ser o doce vento mineiro nenhuma vontade de beber, eu disse: Acabemos com isso. Mas tremia na cidade uma facinação casas compridas autos abertos correndo caminho do mar voluptuosidade do calor mil presentes da vida aos homens indiferentes, que meu coração bateu forte, meus olhos inúteis choraram. O mar batia em meu peito, já não batia no cais. A rua acabou, quede as árvores? a cidade sou eu sou eu a cidade meu amor.

FERRO MORTO

“Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora?”. Fazer o quê? Como voltar para o sertão de onde saí, se ele já não existe? Será que ainda estou lá, andando por entre montanhas e sorrisos? Nas serras de terra vermelha, minha alma ferrosa se contorce como capim em queimada, estala em labaredas de fogo. O peso do passado aumenta à cada dia e massacra essa alma, envelhecida de tanto caminhar. Ela se mantém suja de poeira, verdade verdadeira. Como escapar à minha condição? Busquei desde o mais tenro momento a solidão, e ela me espreitou em cantos escuros, em vazios momentos, e agora que a encontrei compreendo meu mal necessário. Pelas noites longas, tento afastar meus pensamentos em bares. O trabalho me faz esquecer minha condição, mas o pouco de reflexão que me permito já devasta meu coração. “Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração”. Na vastidão de meu coração brota uma folhagem