POEMA DA DEPENDÊNCIA

Señor, hoje levanto a cabeça
para denunciar
o que há muito
vem a me consumir

Devo dizer
que nosso subdesenvolvimento
é o desenvolvimento
de vossa terra

Declaro señor
que o olho do furacão,
consumidor de almas americanas,
atravessou o continente

Nos encontramos ligados
como unha e carne
Sou o sustentáculo
de sua beleza

A pobreza dos meus milhões
é a riqueza de seus milhares
E o seu sorriso esconde
a falta de dentes da minha boca

Sei que olhando assim
como quem olha pra nada
pareço livre,
igual a outro homem qualquer

Mas te digo señor
o que o lápis não escreve
meu povo sente,
e o que não vês
é o que meu coração esconde

Por isso señor,
somos parte da mesma moeda
O norte dá o valor
e o sul paga o sofrimento

Somos pares
da mesma dialética,
Minha morte
depende da sua vida.

Comentários

Soraia disse…
Olá Tádzio! Que poema interessante e verdadeiro!
Como tinha trabalhado com meus alunos subdesenvolvimento e desenvolvimento, finalizei com o poema.
Só ficou faltando o autor. Posta depois?
Tádzio Coelho disse…
Claro! Tádzio peters Coelho hehe.
Você é professora de quê?
Unknown disse…
Achei sua carteira de motorista, deixarei no Correio Central de Belo Horizonte que fica na Avenida Afonso Pena.

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