A FONTE DA JUVENTUDE


"Houve aquele que não viu
que a vida exige ter
só saudade de amanhã"

Milton Nascimento e Fernando Brant

May the good lord be with you down every road you're on
And may sunshine and happiness, surround you when you're far from home
And may you grow to be proud, dignified and true
And do unto others as you'd have done to you


Be courageous and be brave
And in my heart you'll always stay
Forever young, forever young, forever young



Rod Stewart



Ultimamente tenho pensado bastante sobre questões referentes ao passar do tempo e seus efeitos. Deixa-me triste o lento passar dos momentos e das pessoas. Noutro dia, lendo a coluna de Affonso Romano de Sant´Anna- muito boa por sinal, recomendo a todos, aos domingos no Estado de Minas- onde ele dissertava sobre a lembrança, li que existem pessoas e acontecimentos que só existem em nossa memória. Concordei e comecei a discorrer sobre os efeitos da nostalgia, a sensação de vazio que sinto ao pensar em momentos e pessoas que não voltam mais, e compreendi que essa sensação é decorrente da solidão. Sim, porque a memória é uma forma de solidão, ela é individualizada e específica. Mesmo compartilhando momentos com os outros, cada qual se lembrará de uma forma diferente do mesmo momento. Além daqueles que se foram, existem também os que vivem, mas estes não são mais os mesmos, aliás, todos somos desta forma. Não temos apenas uma identidade ao longo do tempo, temos várias. E chego a sentir saudade de mim mesmo, daquele rapaz idealista que entrou na faculdade de Ciências Sociais em Londrina, ou daquele garoto que sonhou, e chegou bem perto, em ser um jogador de futebol em Penápolis. Também me sinto assim em relação às outras pessoas, aquelas que existem hoje e as que existiram um dia. Mas falta mesmo, obviamente, sinto daqueles que partiram.


Tudo isso me faz indagar se serei capaz de agüentar o peso do tempo e suas agruras. Se conseguirei manter, sempre, a perspectiva de uma sociedade melhor ou serei vencido pelos problemas e pela passagem do tempo.


Mas acho que descobri uma forma de manter meu espírito pra sempre jovem. Abraçando apaixonadamente as grandes causas de nosso tempo. Mas não assumi-las da mesma forma que se recorre à moda da estação, e sim tomá-las como razão de viver e, mais que isso, de se enaltecer como ser humano. É lutar por elas como se fosse a última chance do seu último dia de vida de realmente fazer algo justo.


Após muito me interrogar sobre os objetivos da vida (vinte sete anos, afinal sou um jovenzinho) cheguei à conclusão de que devemos, todos, ter duas razões para viver.


A primeira é aproveitar a vida em sua essência, mas não da mesma forma que nos passam por propagandas, de maneira inconseqüente e mercantilizada, com sensações compradas e que possam suprir o consumismo (como naquela propaganda do Credicard: “isso não tem preço”), e sim por meio do aproveitamento e troca substancial com nossos companheiros (as) de vida, e com o ambiente que nos rodeia, tendo a plena noção não só do espaço, mas também a noção do tempo. Ele passa e não volta, junto com ele se vão as pessoas e momentos.


A segunda está na participação e comprometimento com as nobres causas de nosso tempo. A seguinte constatação é objetiva e óbvia- seja para comunistas, socialistas, ambientalistas ou democratas: nossa sociedade está errada da maneira que se encontra hoje. Problemas como a desigualdade social, miséria, fome devem ser resolvidos. E pra isso temos um punhado de anos por estas bandas para realizar tal objetivo, sendo que é a mais difícil de todas as causas possíveis, tornar este mundo justo, por isso todo esforço é bem vindo. Devemos lutar com toda bravura e dedicação que nosso coração permitir e também com o que não nos permitirem. Os projetos coletivos são de primeira ordem, para que, junto aos nossos iguais, possamos mudar a situação de bilhões.


Só dessa forma nos realizaremos como seres humanos plenos e conseguiremos vencer o tempo.

Comentários

Unknown disse…
E aí mexicano, você está poeta heim. Legal esse texto.

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