MAIS UM POQUIN?
DIÁSPORA MINEIRA
Desterrado, emigrado,
pelas circunstâncias distanciado, auto-exilado
e por aqui lembro, sonho,
com montanhas austrais
tantas vezes lembradas,
e por mais que
insistam em me fazer chorar,
sei que pra lá
um dia vou retornar.
TREM DA SAUDADE
Hoje chorei de saudade
ao escutar aquela canção
dos dias que vão
e das noites que vem.
Hoje pensei em meu lugar
que me leva aquele trem
das pessoas que vão
e das saudades que vem.
Hoje tentei me levar
pra onde irão as saudades acabar
e pegar o trem que vem
me retornar para as montanhas de Minas..
ODE MINERAL
Ponto de nostalgia
o passado volta à tona da alma
Rufai tambores botocudos
duzentos anos de guerra sobre suas cabeças
Declamai os poemas poetas conjurados
difamados por inconfidentes
Viajai a jornada Bahia-Minas trem da lembrança
nossa ponta de mar e esperança
Lotai os Becos do Mota
suas profanidades santas
são a contradição do coração brasileiro
Brotem Montanhas
dos buracos minas
Minas...
Ressurja nos quilombos,
aldeias minerais,
cidades e bares,
o mundo ouvirá
mais uma vez
nosso canto mineral
de ódio e ternura.
CIDADE DE PAPELÃO
Cabelos saias longas
O pé caboclo chuta a bola
pé terra vermelha
O sol escancara as marcas
O ventre inchado das mulheres
confunde-se com fecundidade
A injustiça espreita ao lado
levanta o cimento
E as migalhas chegam
carcomidas pelos ratos
Vilas são manchas no campo
A indignação mostra suas faces
compreensíveis reações das casas de alvenaria
As fazem todas iguais
São números e estatísticas
Mas temos rostos endurecidos
Fundidas estão a fé e a lógica
A pele terrosa aguarda pela providência divina
Mas não falha mesmo que tarde
E na espera se aleita a esperança
Por essas casas de madeira
um dia andaremos vitoriosos
E a espera terminará.
O ANO EM QUE A VIDA PAROU
O ano em que minha vida despertou
foi aquele em que João não conseguiu trabalho
quando Maria feneceu de fome
Severino agonizou no hospital
Gabriel morreu no tráfico
Vilma arregimentada pela Igreja
Jonas explorado
Helena vendeu seu corpo
todos em vão
Mais um entre tantos
Num simples ato
O ano em que o normal
mostrou ser o abominável
E o sonho se torna objetivo
Foi o ano em que assaltar o céu
tornou-se um caminho.
RETORNO AO VERDE ENGANO
Se aquelas pedras
são verde engano
as minas
são o quê?
Ilusão do tolo
Ganância cega
São pedras que esmagam
o destino dos homens
Feitas de traição
dor e exploração,
injustiça e riqueza,
morte e pobreza
São dourado engano
Brilho calunioso
Prateada desventura
Metal de sangue
O que há de glória
num monte de pedras
que não servem de abrigo
a seu conterrâneo?
Desterrado, emigrado,
pelas circunstâncias distanciado, auto-exilado
e por aqui lembro, sonho,
com montanhas austrais
tantas vezes lembradas,
e por mais que
insistam em me fazer chorar,
sei que pra lá
um dia vou retornar.
TREM DA SAUDADE
Hoje chorei de saudade
ao escutar aquela canção
dos dias que vão
e das noites que vem.
Hoje pensei em meu lugar
que me leva aquele trem
das pessoas que vão
e das saudades que vem.
Hoje tentei me levar
pra onde irão as saudades acabar
e pegar o trem que vem
me retornar para as montanhas de Minas..
ODE MINERAL
Ponto de nostalgia
o passado volta à tona da alma
Rufai tambores botocudos
duzentos anos de guerra sobre suas cabeças
Declamai os poemas poetas conjurados
difamados por inconfidentes
Viajai a jornada Bahia-Minas trem da lembrança
nossa ponta de mar e esperança
Lotai os Becos do Mota
suas profanidades santas
são a contradição do coração brasileiro
Brotem Montanhas
dos buracos minas
Minas...
Ressurja nos quilombos,
aldeias minerais,
cidades e bares,
o mundo ouvirá
mais uma vez
nosso canto mineral
de ódio e ternura.
CIDADE DE PAPELÃO
Cabelos saias longas
O pé caboclo chuta a bola
pé terra vermelha
O sol escancara as marcas
O ventre inchado das mulheres
confunde-se com fecundidade
A injustiça espreita ao lado
levanta o cimento
E as migalhas chegam
carcomidas pelos ratos
Vilas são manchas no campo
A indignação mostra suas faces
compreensíveis reações das casas de alvenaria
As fazem todas iguais
São números e estatísticas
Mas temos rostos endurecidos
Fundidas estão a fé e a lógica
A pele terrosa aguarda pela providência divina
Mas não falha mesmo que tarde
E na espera se aleita a esperança
Por essas casas de madeira
um dia andaremos vitoriosos
E a espera terminará.
O ANO EM QUE A VIDA PAROU
O ano em que minha vida despertou
foi aquele em que João não conseguiu trabalho
quando Maria feneceu de fome
Severino agonizou no hospital
Gabriel morreu no tráfico
Vilma arregimentada pela Igreja
Jonas explorado
Helena vendeu seu corpo
todos em vão
Mais um entre tantos
Num simples ato
O ano em que o normal
mostrou ser o abominável
E o sonho se torna objetivo
Foi o ano em que assaltar o céu
tornou-se um caminho.
RETORNO AO VERDE ENGANO
Se aquelas pedras
são verde engano
as minas
são o quê?
Ilusão do tolo
Ganância cega
São pedras que esmagam
o destino dos homens
Feitas de traição
dor e exploração,
injustiça e riqueza,
morte e pobreza
São dourado engano
Brilho calunioso
Prateada desventura
Metal de sangue
O que há de glória
num monte de pedras
que não servem de abrigo
a seu conterrâneo?
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Bjim