DILMA ELEITA: BALANÇO E PERSPECTIVAS

Sim, temos uma mulher no posto político mais importante do sistema político brasileiro. Tal constatação tem significado profundo numa sociedade machista como a brasileira. Mas vamos além, temos uma mulher que lutou contra a ditadura militar de todas as formas possíveis. Nascida em Belo Horizonte, estudou economia na UFMG. Estes são alguns atributos de significante relevância na biografia de Dilma Roussef.
Tem grande significado, principalmente, a derrota da direita mais retrógrada (o que é na verdade um pleonasmo) de nosso panorama político atual. Trouxe à tona fantasmas golpistas, pautou o debate eleitoral com calúnias e no conservadorismo mais tacanho que vive nas profundezas de nossa dual cultura dos trópicos. O pior dos contextos foi evitado!
É agora, após as eleições, que se impõe a necessidade da instauração de profícuos debates sobre os caminhos brasileiros. Os mais importantes, na minha visão, são o aprofundamento da reforma agrária e os rumos a serem tomados pelo pré-sal. A falta de uma reforma agrária séria é a principal causa de nossos males sociais. Já o pré-sal deve ser planejado de forma que amplie os direitos sociais e aumente os investimentos em pesquisa científica que possa nos fazer escapar à dependência tecnológica inerente à nossa condição de país subalterno. Para isso será necessário a mobilização das forças sociais populares como vimos agora na eleição de Dilma. Os mais pobres votaram no PT, já que analisaram o campo das possibilidades e constataram qual é o melhor quadro para eles próprios. O povo brasileiro percebe o que é melhor para ele e defendeu o melhor dos dois caminhos para os futuros da nação.
O grande problema que se impõe após a eleição é a desmobilização política. Obviamente, um elevado grau de conscientização política por parte das classes populares pode ser algo perigoso na visão dos donos do país, assim o tipo de democracia que vivemos é por demais limitada, ela só acontece a cada quatro anos. Devemos aprofundá-la até os limites do próprio Capitalismo.
A conjuntura econômica que se aproxima não é das mais favoráveis. A economia mundial continua em crise, que deve ser mais sentida no Brasil na previsível queda dos preços das commodities à médio prazo. Precisamos aproveitar nossa atual situação e a perspectiva de desenvolvimento colocada pelo pré-sal para tomar caminhos decisivos para o país.
Agora sim começa a verdadeira luta! Não podemos deixar a cor vermelha do PT nos enganar, pois não é um partido de esquerda e pactuou com a burguesia para conseguir chegar ao governo. Continuamos na República do Capital Financeiro e da desigualdade social. Mesmo assim, vislumbramos grandes destinos, continuaremos tentando acabar com nossas históricas injustiças e, como dizia Darcy Ribeiro, buscaremos construir uma civilização multirracial dos trópicos!

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