Minas Sarapalha
Da janela de São Luís do Maranhão, vejo o imenso porto. O maior do Brasil, dizem. O porto, tal como eu, veio de Minas. - Tudo é consequência de um certo nascer ali. Por lá, passa o ferro da suprema mina de minério de ferro: Carajás. Ao ver o porto, pondero sobre minha terra. - Não estás lá enterrado por baixo de lavras de ouro ? Minha terra revolvida de baixo para cima e engolfada em milhões de litros d´água, terrível redemoinho terrestre. Os mortos... - Não estás morto por lá ? O mineiro drummondiano é triste e orgulhoso, de ferro. Para mim, só triste. O orgulho se perdeu n´algum canto. O ferro foi exportado. - Deixando no corpo a paisagem, mísero pó de ferro, e este não passa. Sarapalha-Sagarana conta a história de uma vila, nos arredores do rio Pará, um povoado que deixaram por abandonado: “casas, sobradinho, capela; três vendinhas, o chalé e o cemitério; e a rua, sozinha e comprida, que agora nem mais é uma estrada, de tanto que o mato a entupiu”...