CUBA, DEMOCRACIA E SOCIALISMO
Guillermo Almeyra (*)
De um lado, está a cínica e mentirosa campanha desenfreada da CNN e de todos os meios e governos de direita contra o sistema político cubano. É evidente o laço que existe entre o Departamento de Estado e a manifestação em Miami, dirigida pela cantora Gloria Estefan, filha de um ministro do ditador Batista, que contou com a participação do terrorista e multi-assassino Posada Carriles em apoio às chamadas Damas de Branco e ao grevista de fome Guillermo Farinas, que, como estas, pede a intervenção da ONU, da OEA e dos Estados Unidos, não só em Cuba, mas também na Venezuela, para respaldar a oposição pró-imperialista.
Os que mantêm o centro de tortura em Guantánamo se arrogam, agora, em defensores dos direitos humanos. A guerra não declarada contra Cuba desde 1959 – que passou pela provocação, com incêndios, a semeadura de enfermidades, a intenção de invasão, a cobertura de grupos de bandidos mercenários, o bloqueio, a ameaça de guerra atômica – entra agora em outra fase, tratando de aproveitar a crise mundial capitalista que golpeia duramente a ilha para derrubar o governo resultante da revolução, que é um dos principais membros da Alba, junto à Venezuela, Equador, Nicarágua e Bolívia, que também estão na mira de Washington.
Portanto, a defesa de Cuba e do direito à auto-determinação e a luta contra o bloqueio, imoral e ilegítimo, mais do que nunca está na ordem do dia. Porque este uso capitalista e imperialista da crise busca fechar o caminho a uma alternativa e, para isso, deve combater tudo o que soe à esquerda, a começar pela Alba, e abarcando também os governos do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai, que estão longe de ser de esquerda e mantêm políticas neoliberais levemente modificadas.
Por isso, diga-se de passagem, equivoca-se gravemente quem sustenta que o Brasil é imperialista e que nesse país e em outros similares o inimigo central seria uma suposta nova classe (não proprietária do capital financeiro nem dos meios de produção!), formada pela fusão entre funcionários corruptos e capitalistas locais. Não ver o que fazem o capital financeiro e os Estados Unidos e centrar, ao contrário, a atenção somente nos erros ou barbaridades dos governos progressistas, incluindo o cubano, ajuda poderosamente as vestais da democracia que pontificam do Departamento de Estado e da CNN, encobrindo as bases na Colômbia ou a IV Frota ou a Iniciativa Mérida.
De outro lado, estão as torpezas políticas e a brutalidade de grupos burocráticos que crêem que a oposição se combate com polícia e aparatos. Com efeito, uma coisa é combater por todos os meios as conspirações e as ações delitivas, e outra asfixiar a expressão pública de ideias, inclusive reacionárias, e louvar – como fazem os jornalistas cubanos – os méritos da unanimidade (na Assembléia ou nos meios de comunicação). Nos tempos de Lênin e até na guerra civil, por exemplo, os partidos e os meios de informação capitalistas ou opositores eram legais. A unanimidade pressupõe, ao contrário, que alguém decide o que se diz, em quem se vota, o que se publica. Mas nem a classe trabalhadora nem a sociedade são homogêneas nem podem ser unânimes.
Sem discussão democrática não há socialismo, porque este é o resultado da informação, da maturação e da participação direta dos trabalhadores e do povo, que devem criticar, controlar, sugerir, propor, exigir. A democracia, além do mais, é para quem pensa diferente, não para quem o faz como unanimidade; inclusive para os delinquentes e os pró-imperialistas e contra-revolucionários que não cometam delitos. E o socialismo se constrói na sociedade, nas contradições, resolvendo-as, e não na burocracia partidária ou militar. As ideias falsas se combatem com ideias melhores para convencer; as ações concretas conspirativas ou delitivas, ao contrário, com a força estatal.
Quando há delinquentes comuns, marginais, portanto, anti-sistêmicos, que se imolam a serviço da oposição de direita e quando começa a haver suicídios (como as greves de fome extremas ou os monges budistas que se queimam na Tailândia), é evidente que algo anda muito mal. A repressão aberta ou oculta é desaconselhável diante deste problema, que é político, não policial. E o pior que se pode fazer é fuzilar (como aconteceu com os que seqüestraram num ferryboat há uns anos) ou organizar, com o aparato da Juventude Comunista, multidões indignadas para calar as escassas forças ultra-reacionárias que querem se manifestar. Isso dá mais combustível à ofensiva imperialista (que, de toda forma, está aí) e confunde os defensores de Cuba e todos os que, em seus países, defendem seus direitos de dissentir, publicar e se manifestar (que são constitucionais), e combatem a repressão e a “ilegalização” de suas ideias e organizações.
A democracia e o socialismo somente são possíveis com a autogestão e a auto-organização dos vizinhos, trabalhadores e camponeses, para discutir os problemas e, além dos planos governamentais, criar suas próprias ideias e soluções locais. A imprensa, no lugar de louvar a funesta unanimidade, deveria dar voz ao povo, em cujo nome fala e decide o aparato burocrático. Além disso, não pode haver aumento da produção e da produtividade agrícolas sem esse tipo de democracia e de autogestão, que dê rédea solta à criatividade e às críticas.
Se se quer tirar base às manobras imperialistas e contra-revolucionárias, há que transformar radicalmente e melhorar a vida cotidiana, com maior produção voluntária e com maior democracia. A economia de Cuba e seu Estado ainda seguem capitalistas, mas tentam dar base ao socialismo. Portanto, há que se enterrar os métodos contra-revolucionários presos ao passado na prática e os manuais dos burocratas que, em nome de um suposto marxismo, trancavam em manicômios seus opositores e são hoje, abertamente, grandes capitalistas e mafiosos.
(*) Membro do conselho editorial do Sinpermiso
De um lado, está a cínica e mentirosa campanha desenfreada da CNN e de todos os meios e governos de direita contra o sistema político cubano. É evidente o laço que existe entre o Departamento de Estado e a manifestação em Miami, dirigida pela cantora Gloria Estefan, filha de um ministro do ditador Batista, que contou com a participação do terrorista e multi-assassino Posada Carriles em apoio às chamadas Damas de Branco e ao grevista de fome Guillermo Farinas, que, como estas, pede a intervenção da ONU, da OEA e dos Estados Unidos, não só em Cuba, mas também na Venezuela, para respaldar a oposição pró-imperialista.
Os que mantêm o centro de tortura em Guantánamo se arrogam, agora, em defensores dos direitos humanos. A guerra não declarada contra Cuba desde 1959 – que passou pela provocação, com incêndios, a semeadura de enfermidades, a intenção de invasão, a cobertura de grupos de bandidos mercenários, o bloqueio, a ameaça de guerra atômica – entra agora em outra fase, tratando de aproveitar a crise mundial capitalista que golpeia duramente a ilha para derrubar o governo resultante da revolução, que é um dos principais membros da Alba, junto à Venezuela, Equador, Nicarágua e Bolívia, que também estão na mira de Washington.
Portanto, a defesa de Cuba e do direito à auto-determinação e a luta contra o bloqueio, imoral e ilegítimo, mais do que nunca está na ordem do dia. Porque este uso capitalista e imperialista da crise busca fechar o caminho a uma alternativa e, para isso, deve combater tudo o que soe à esquerda, a começar pela Alba, e abarcando também os governos do Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai, que estão longe de ser de esquerda e mantêm políticas neoliberais levemente modificadas.
Por isso, diga-se de passagem, equivoca-se gravemente quem sustenta que o Brasil é imperialista e que nesse país e em outros similares o inimigo central seria uma suposta nova classe (não proprietária do capital financeiro nem dos meios de produção!), formada pela fusão entre funcionários corruptos e capitalistas locais. Não ver o que fazem o capital financeiro e os Estados Unidos e centrar, ao contrário, a atenção somente nos erros ou barbaridades dos governos progressistas, incluindo o cubano, ajuda poderosamente as vestais da democracia que pontificam do Departamento de Estado e da CNN, encobrindo as bases na Colômbia ou a IV Frota ou a Iniciativa Mérida.
De outro lado, estão as torpezas políticas e a brutalidade de grupos burocráticos que crêem que a oposição se combate com polícia e aparatos. Com efeito, uma coisa é combater por todos os meios as conspirações e as ações delitivas, e outra asfixiar a expressão pública de ideias, inclusive reacionárias, e louvar – como fazem os jornalistas cubanos – os méritos da unanimidade (na Assembléia ou nos meios de comunicação). Nos tempos de Lênin e até na guerra civil, por exemplo, os partidos e os meios de informação capitalistas ou opositores eram legais. A unanimidade pressupõe, ao contrário, que alguém decide o que se diz, em quem se vota, o que se publica. Mas nem a classe trabalhadora nem a sociedade são homogêneas nem podem ser unânimes.
Sem discussão democrática não há socialismo, porque este é o resultado da informação, da maturação e da participação direta dos trabalhadores e do povo, que devem criticar, controlar, sugerir, propor, exigir. A democracia, além do mais, é para quem pensa diferente, não para quem o faz como unanimidade; inclusive para os delinquentes e os pró-imperialistas e contra-revolucionários que não cometam delitos. E o socialismo se constrói na sociedade, nas contradições, resolvendo-as, e não na burocracia partidária ou militar. As ideias falsas se combatem com ideias melhores para convencer; as ações concretas conspirativas ou delitivas, ao contrário, com a força estatal.
Quando há delinquentes comuns, marginais, portanto, anti-sistêmicos, que se imolam a serviço da oposição de direita e quando começa a haver suicídios (como as greves de fome extremas ou os monges budistas que se queimam na Tailândia), é evidente que algo anda muito mal. A repressão aberta ou oculta é desaconselhável diante deste problema, que é político, não policial. E o pior que se pode fazer é fuzilar (como aconteceu com os que seqüestraram num ferryboat há uns anos) ou organizar, com o aparato da Juventude Comunista, multidões indignadas para calar as escassas forças ultra-reacionárias que querem se manifestar. Isso dá mais combustível à ofensiva imperialista (que, de toda forma, está aí) e confunde os defensores de Cuba e todos os que, em seus países, defendem seus direitos de dissentir, publicar e se manifestar (que são constitucionais), e combatem a repressão e a “ilegalização” de suas ideias e organizações.
A democracia e o socialismo somente são possíveis com a autogestão e a auto-organização dos vizinhos, trabalhadores e camponeses, para discutir os problemas e, além dos planos governamentais, criar suas próprias ideias e soluções locais. A imprensa, no lugar de louvar a funesta unanimidade, deveria dar voz ao povo, em cujo nome fala e decide o aparato burocrático. Além disso, não pode haver aumento da produção e da produtividade agrícolas sem esse tipo de democracia e de autogestão, que dê rédea solta à criatividade e às críticas.
Se se quer tirar base às manobras imperialistas e contra-revolucionárias, há que transformar radicalmente e melhorar a vida cotidiana, com maior produção voluntária e com maior democracia. A economia de Cuba e seu Estado ainda seguem capitalistas, mas tentam dar base ao socialismo. Portanto, há que se enterrar os métodos contra-revolucionários presos ao passado na prática e os manuais dos burocratas que, em nome de um suposto marxismo, trancavam em manicômios seus opositores e são hoje, abertamente, grandes capitalistas e mafiosos.
(*) Membro do conselho editorial do Sinpermiso
Comentários
Paraa: O melhor,mais gato,mais engraçado, e mais educado professor que eu jah tivee!
♥
" Um dia a maioria de nós irá se separar. Sentiremos
saudades de todas as conversas jogadas fora, as
descobertas que fizemos, dos sonhos
que tivemos, dos
tantos risos e momentos que compartilhamos.
Saudades até dos momentos de lágrima, da angústia,
das vésperas de finais de semana, de finais de ano,
enfim... do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai pra seu lado, seja pelo
destino,
ou por algum desentendimento, segue a sua vida, talvez
continuemos a nos encontrar quem sabe...... nos e-mails trocados.
Podemos nos telefonar conversar algumas bobagens....
Aí os dias vão passar, meses...anos... até este
contato tornar-se cada vez mais raro.
Vamos nos perder no tempo....Um dia nossos filhos
verão aquelas fotografias e perguntarão? Quem são
aquelas pessoas?
Diremos...Que
eram nossos amigos. E...... isso vai doer tanto!
Foram meus amigos, foi com eles que vivi os melhores
anos de minha vida!
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar uma vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente......
Quando o nosso grupo estiver incompleto... nos
reuniremos para um ultimo adeus de um amigo. E entre
lágrima nos abraçaremos.
Faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele
dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado
para continuar a viver a sua vidinha isolada do passado.
E nos perderemos no tempo.....
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo : não
deixes que a vida passe em branco, e que pequenas
adversidades seja a causa de grandes tempestades....
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria se
morressem todos os meus amigos!"
Saudadeeeeeeeees
♥